Entre as criptomoedas, a mais escassa de todas é o Bitcoin (BTC), que possui apenas 21 milhões de unidades. Mas outras criptomoedas, como o Ether (ETH) e a BNB têm uma oferta muito mais elástica e que cresce constantemente. Ou seja, não são escassas por código.
Portanto, a tendência é que a quantidade dessas criptomoedas em circulação só aumente ao longo do tempo e de forma constante. E com esse aumento, o preço dessas criptomoedas tende a cair ou, no mínimo, não se valorizar com o mesmo potencial que um ativo escasso como o BTC.
Mas os desenvolvedores dessas criptomoedas encontraram uma maneira de reverter esse cenário e manter a escassez dos seus tokens: a queima, ou burn em inglês. Trata-se de um processo que envolve a inutilização de parte de tokens para aumentar o valor dos tokens restantes.
Quer entender o que é a queima e como ela beneficia os detentores de um determinado token? Então venha conosco e confira o texto de hoje.
Queima e recompra de ações
Para explicar como funciona a queima de tokens, é possível fazer a analogia com um mecanismo muito utilizado no mercado tradicional: a recompra de ações, que ocorre quando as empresas recompram as próprias ações listadas na bolsa de valores.
Ao recomprar suas ações, a empresa destrói as ações recompradas e reduz a quantidade de papéis em circulação na bolsa. Como resultado, os preços das ações que permaneceram tendem a se valorizar, beneficiando os acionistas que não venderam seus papéis.
A queima de tokens funciona de maneira similar e tem como efeito valorizar os tokens que não foram destruídos. Esse processo reduz a quantidade de tokens no mercado, fazendo o valor total aumentar e beneficiando quem é um investidor de longo prazo.
Como ocorre a queima?
Atualmente, existem três grandes criptomoedas que fazem queimas periódicas de tokens: ETH, BNB e Shiba Inu (SHIB). Todas utilizam processos diferentes, mas no final das contas as queimas têm o mesmo objetivo.
O processo de queima funciona de maneira similar. A principal forma de queima consiste em enviar as criptomoedas para uma carteira “morta”, que não possui uma chave privada. Essa carteira pode receber transações, mas não é possível sacar dela os tokens que foram enviados.
Sem poder sacar, os tokens ficam presos nesta carteira e inacessíveis para sempre. Por isso que apesar do nome “queima”, os tokens não são de fato destruídos: eles continuam existindo, mas estão inutilizados em uma carteira.
Este é o tipo de processo utilizado na BNB, por exemplo. A cada período (quadrimestral), a Binance envia BNB para um endereço morto e “destrói” esses tokens, reduzindo a oferta de BNB em circulação.
No caso do ETH, a queima não ocorre num período e quantidade específicas, mas sim por transação. Com a EIP-1559, a rede Ethereum queima parte dos tokens que consistem nas taxas de transação da rede. Esses tokens são mandados para um endereço morto, reduzindo a oferta do token.
Impactos no preço
Desde a implementação da EIP-1559 em 2021, a rede já queimou mais de 3,4 milhões de ETH, impedindo a oferta de crescer e contribuindo para o aumento no preço do token, que subiu mais de 50% desde a sua implementação.
Já na BNB, o programa de queimas começou em 2018, logo após o lançamento do token, e impediu drasticamente seu crescimento. E ao contrário do ETH, a queima da BNB tem como objetivo reduzir a oferta total de tokens para apenas 100 milhões (atualmente, a oferta é de 157,9 milhões) e deixá-la fixa, assim como no BTC.
E essa queima de tokens causou um grande impacto na valorização da BNB, que hoje está em R$ 1.164. Já no caso da SHIB, a queima não causou um impacto tão grande por causa da alta quantidade de tokens em circulação, que já supera os 580 trilhões de tokens.
Em suma, a queima de tokens é uma maneira de manter a escassez e valorizar as unidades restantes, o que é uma forma eficiente de gerar valor para quem tem como foco a compra para o longo prazo.